terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Perguntas e Respostas .

Como posso saber se estou a viver uma relação de namoro violenta?
Decidir viver uma relação amorosa não violenta requer saber identificar os sinais de uma relação violenta. Estás a viver relação amorosa violenta se o teu namorado:
- Belisca-te, empurra-te, arranha-te;
- Dá-te ordens ou toma todas as decisões;
- Não valoriza as tuas opiniões;
- É ciumento e possessivo, não quer que saias com as tuas amigas e amigos;
- Controla todos os teus movimentos (pergunta constantemente onde estiveste, com quem estiveste);
- Humilha-te à frente das tuas amigas e amigos (insulta-te, diz que nada serias sem ele, etc.);
- Culpa-te pelos comportamentos violentos dele;
- Assusta-te, tens medo da reacção dele quando dizes ou fazes alguma coisa;
- Pressiona-te para terem relações sexuais não protegidas ou práticas sexuais não desejadas por ti;
- Pressiona-te a consumir álcool ou outras drogas que te poderão desinibir sexualmente (como por exemplo o medicamento Rohypnol);
- Intimida-te;
- Não aceita que queiras terminar a relação;
- Ameaça espalhar rumores se acabares com a relação, fazer mal a alguém (ou a ele próprio);
- Oferece-te prendas em excesso, especialmente após um comportamento violento;
Porque é que uma jovem mantém uma relação de namoro violenta?
Normalmente a violência não é uma constante na relação, acontece ocasionalmente, e após o episódio de violência existe a chamada fase de “lua-de-mel”. Nesta fase o agressor procura desculpabilizar-se e desresponsabilizar-se, pedindo desculpa, oferecendo presentes e prometendo que a violência não voltará a acontecer. As razões pelas quais as jovens mantêm uma relação de namoro violenta são várias, entre as quais:
1. Gostar realmente do namorado, querer que a violência acabe e não o namoro, e acreditar que poderá mudá-lo;
2. A pressão do grupo:
- Aquilo que as nossas amigas e amigos pensam sobre nós tem muita importância e gostamos de sentir que somos aceites;
- Os namorados normalmente partilham o mesmo grupo de amigas e amigos, o que é que o grupo vai fazer se terminar o namoro? Vai escolher ficar do lado dela ou dele? E se não acreditarem nela, ao saberem os motivos que a levaram a terminar a relação? E se escolherem ficar do lado dele? Os rapazes que são violentos em privado, podem aparentar serem calmos e carinhosos publicamente;
3. A vergonha (por exemplo: de contar à família e amigas/os o que se está a passar);
4. O medo (por exemplo: das represálias, perseguições, ameaças);
Quais as consequências de uma relação violenta?
A violência no namoro tem consequências graves em termos de saúde física e mental para a jovem, tais como:
- Perda de apetite e emagrecimento excessivo;
- Dores de cabeça;
- Nódoas negras;
- Queimaduras (ácido, pontas de cigarro);
- Nervosismo;
- Tristeza;
- Ansiedade;
- Sentimentos de culpa;
- Baixa auto-estima;
- Confusão;
- Depressão;
- Isolamento;
- Gravidez indesejada;
- Doenças sexualmente transmissíveis;
- Baixa dos rendimentos escolares ou abandono escolar;
- Suicídio;
O que posso fazer se uma amiga estiver envolvida numa relação de namoro violenta?
Se queres apoiar a tua amiga, é muito importante que ela perceba que está a viver uma relação amorosa violenta. Podes dizer-lhe que:
- A violência é um crime punível por lei;
- Ela tem direito a viver sem violência e a ser respeitada pelo namorado;
- Procure alguém com quem falar sobre o assunto e que a possa auxiliar e informar (familiar, professor/a, psicólogo/a da escola, associações).
Se pensas que a tua amiga se encontra numa situação de perigo iminente e que não consegue falar com ninguém, diz-lhe que vais procurar apoio de alguém de confiança. O fim da relação não significa o fim da violência. Por vezes, o ex-namorado não aceita o fim da relação, continuando a perseguir e a controlar todos os passos que a ex-namorada dá. Daí que seja importante ter em conta algumas medidas de segurança:
- Mudar o número de telemóvel;
- Mudar de e-mail;
- Mudar a fechadura do cacifo da escola;
- Procurar caminhos alternativos para os locais que habitualmente frequentas;
- Procurar andar acompanhada;
- Falar da situação com pessoas de confiança que possam apoiar em situações de emergência;
- Manter um diário sobre as situações de violência que ocorreram;
- Gravar no telemóvel os contactos necessários em caso de emergência (112, polícia local, pessoa de confiança).

Mitos e Realidades ;)

Mito: A violência no namoro não é uma situação comum nem séria.
Realidade: A violência não é apenas um problema de adultos, também ocorre nas relações amorosas entre adolescentes.
Mito: As adolescentes gostam dessas relações ou não continuariam com o namoro.
Realidade: As adolescentes mantém as relações de namoro por várias e complexas razões, nunca por gostarem de ser abusadas.
Ninguém se mantém numa relação de abuso porque gosta, e sair duma relação violenta pode ser um processo muito difícil.
Mito: Um rapaz grita ou bate porque gosta da namorada.
Realidade: Os rapazes que agem dessa forma estão a usar a violência para controlar a namorada. Gostar de alguém quer dizer respeitar a pessoa não a agredindo.

Mais acerca da Violência no Namoro .

O que é ?

Existe violência quando, numa relação amorosa, um exerce poder e controlo sobre o outro, com o objectivo de obter o que deseja. A violência nas relações amorosas surge quando: os rapazes pensam que:
- Têm o direito de decidir determinadas coisas pela namorada;
- O respeito impõe-se;
- Ser masculino é ser agressivo e usar a força;
As raparigas acreditam que:
- As crises de ciúme e o sentimento de posse do namorado significam que ele a ama;
- São responsáveis pelos problemas da relação;
- Não podem recusar ter relações sexuais quando ele deseja;
A violência não conhece fronteiras de estratos sociais, faixas etárias, religiões, etnias, etc, e ocorre em todos os casais (hetero e homossexuais).

Informações sobre o Concurso

A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) lançou no dia 12 de Dezembro de 2008, o concurso “A Minha Escola pela Não Violência”, destinado aos alunos e escolas do 3º ciclo do ensino básico e secundário na promoção de comportamentos não violentos nas relações de intimidade.
O concurso é realizado em colaboração com a Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC), no âmbito da campanha nacional contra a violência no namoro.
A Campanha Nacional Contra a Violência no Namoro decorre no período de 2008/2009 e pretende dar resposta aos números que apontam para uma elevada percentagem de jovens e adolescentes vítimas de algum tipo de violência durante uma relação de namoro.
A violência nas relações de intimidade começa muitas vezes antes do casamento, 25 por cento de jovens portugueses entre os 15 e os 25 anos já terão sido vítimas de violência no namoro.
No caso das relações de namoro, pretende-se desmistificar entre adolescentes e jovens a ideia de que os ciúmes ou outras formas de controlo são “normais” ou sinais de amor.
Os alunos são convidados a elaborar produtos e acções de sensibilização que promovam relações interpessoais de intimidade baseadas no respeito mútuo.
Para participar no concurso, os alunos de todas as escolas do país são convidados a elaborar trabalhos ou acções numa das quatro categorias:

- Produto multimédia (vídeo, dvd, cd-rom, entre outros);
- Cartaz ou poster; - Construção de outros materiais, com recurso a Tecnologias de Informação;
- Comunicação;
- Eventos (concertos, exposições, acções sensibilização, teatro).
Será atribuído um prémio à escola ou turma, e professor responsável, que apresentar o melhor trabalho em cada categoria, num total de oito prémios no valor de 2500 euros cada.
Será ainda distinguido “O melhor Projecto Global” apresentado em cada um dos dois níveis de ensino, no valor de 5 mil euros cada.
Todos os prémios serão convertidos na aquisição de bens/serviços que vão de encontro aos interesses/necessidades da escola ou turma vencedora.
Para mais informações sobre o concurso, deverá consultar o site
http://www.cig.gov.pt/

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Entrevista a um Agente da PSP

No dia 3 de Fevereiro o nosso grupo este à conversa com um Agente da PSP que nos respondeu a algumas perguntas sobre a violência no namoro.
Aluna: Gostávamos de saber se costumam receber muitos casos de violência no namoro.
Agente: Não, não são muitos os casos, mas acontecem alguns, e aqui nesta escola até já aconteceu agora aqui há tempos, um moço que andava a namorar com uma moça e como se costuma dizer, ela deu-lhe com os pés. Depois andava assim um bocado exaltada, mas isso é raro acontecer. Acontecem algumas mas essa é raro acontecer.

Aluna: Como é que as vitimas reagem durante a conversa?
Agente: As vítimas naquele momento estão exaltadas, e nós temos agentes e pronto, somos pessoas mais velhas e já sabemos como é o passado, então tentamos compreender que não é aquilo que as pessoas estão a pensar. Um dos grandes problemas hoje em dia são as novelas. As novelas dão um bocado a volta á juventude e nós não nos podemos guiar pelas novelas. A realidade é bem diferente não é verdade?

Aluna: O que costumam fazer nessas situações?

Agente: Isto é assim, quando nós temos conhecimento dessas situações temos de participar, queiram ou não, temos de participar a dar conhecimento. Quando são menores de 16 anos, nós não ficamos lá com aquilo em arquivo, segue para o tribunal de menores. Posteriormente o tribunal de menores faz o que entender, se forem menores chama aquele que é responsável, se forem maiores de idade segue para o tribunal normal.

Aluna: O que acha que se deve fazer para evitar esse tipo de violência?
Agente: Isto é assim naquele momento conversamos com ambas as partes, para tentar resolver. Não somos só nós, a polícia, a comunicação social, as televisões também haviam de mostrar a realidade porque as novelas são uma coisa diferente. Nas novelas correm tudo bem não é? Mas cá fora corre mal..

Aluna: A primeira coisa que fazem é uma investigação. Em que consiste essa investigação?
Agente: Quer dizer, aí nós não fazemos investigação, nós limitamo-nos a ouvir ambas as partes e participamos mas depois nós não podemos ouvir ninguém. Depois disso, se forem menores, somos chamados ao tribunal de menores e lá o Senhor Juiz é que pode fazer o interrogatório, nós não podemos interrogar ninguém porque são menores, mas podemos perguntar “O que aconteceu?”, mas não estamos a interrogar ninguém, só estamos a conversar. Nós só podemos conversar na presença dos pais ou encarregados de educação.

Aluna: Costumam haver mais casos entre casados ou entre namorados?

Agente: É mais entre casados. Isso já é um caso de violência doméstica que nós participamos mas já não é responsabilidade dos elementos da Escola Segura mas sim dos elementos da Esquadra.

Aluna: Quando descobrem o culpado, o que fazem a seguir?

Agente: Nós, a Policia só nos limitamos a participar. Não vamos aplicar uma pena porque não temos essas competências e assim, às vezes as pessoas são penalizadas por terem agredido verbalmente e fisicamente e depois vai a julgamento. A pessoa naquela altura pode não ser penalizada mas, fica com pena suspensa de dois a três meses, se essa situação se voltar a repetir é penalizado.

Aluna: Mas com os maiores de idade já é diferente, não é?

Agente: A partir dos 16 anos é diferente, sim. Mas com os menores de idade vão ao tribunal de menores e muitas vezes vão para colégios internos ou uma casa de correcção. Um exemplo aqui em Coimbra é o IRS (Instituto de Reinserção Social) que é lá para cima para os Olivais. Eu pessoalmente nunca lá entrei dentro mas se vocês lá forem vêm aqueles jovens que lá estão para serem corrigidos, mas também há os colégios internos que são para aqueles que não querem estudar. É como aquilo que normalmente se diz: Se não querem estudar a bem, estudam a mal.
Isto é assim, nós a polícia só podemos responder aquilo que nós sabemos, porque há aquelas pessoas que dizem que a polícia não faz nada. Nós, a polícia, não podemos interrogar ninguém e eles são chamados ao tribunal de menores e depois o Sr. Juiz é que faz as perguntas.

Aluna: E os pais, como é que costumam reagir?

Agente: De vez em quando acontece retaliação. Já tem acontecido violência na escola e os alunos em vez de darem conhecimento, como deveriam fazer, ao conselho executivo ou aos responsáveis pelo aluno, não dão. Das duas uma, ou ligam directamente aos pais e depois eles vêm fazer justiça pelas próprias mãos ou então vão para casa e contam aos pais.

Aluna: Mas há aqueles casos em que os pais nem sabem!

Agente: Pois, os pais não sabem. E é por isso mesmo que nós damos a participação se um menor, atenção é de um menor, que agrediu outro e nós dizemos-lhe: “Olha, quando chegares a casa vais dizer aos teus pais o que se passou!”. Mas depois nos também temos de dar conhecimento porque é menor. Depois no dia a seguir ou até mesmo no próprio dia eu faço a participação e depois menciono lá que dei conhecimento aos pais ou encarregado de educação. Passados uns dias tenho que ir lá a casa fazer uma “visita” e tenho que dizer o que o jovem fez. Mas os maiores de idade não têm essa obrigação de informar os pais. Antes de ontem aconteceu uma coisa numa escola, uma agressão em que três alunas agrediram uma e então ela tem todo o direito de se queixar porque é maior de 16 anos, então ela hoje de manhã ela estava lá na esquadra e disse que vinha para tratar de um assunto, por causa de uma agressão, e o meu chefe perguntou que idade e que ela tinha e ela respondeu que tinha 17 anos, então já pode apresentar queixa.

Aluna: Esses tipos de violência costumam ser graves ou nem por isso?
Agente: Não, nem por isso. Umas palmadas, uns socos e uns pontapés… Mas normalmente não costuma ser grave.

Aluna: Não costuma haver casos graves?
Agente: Não. Isso só acontece com os adultos. Mas que eu tenha conhecimento, não! Nas escolas por agora ainda está tudo muito pacato. Eu até estou admirado porque isto tem estado muito calmo.

Aluna: Mas mesmo assim, no Porto e em Lisboa têm ocorrido muitos casos de violência!

Agente: Não tenho por hábito seguir as notícias. Limito-me aqui à zona que eu faço que é Coimbra. Mas acontece o tal problema que Lisboa e Porto são maiores e ainda a pouco tempo aconteceu uma situação lá para os lados de Lisboa, acho que foi um rapto ou uma coisa assim, e no dia a seguir os pais já estavam, aqui na escola, todos alarmados, porque vêm as noticias. Lá está outra vez o caso das novelas. Uma das razões dos filhos se darem mal com os pais é as novelas, sem dúvida.