Como posso saber se estou a viver uma relação de namoro violenta?
Decidir viver uma relação amorosa não violenta requer saber identificar os sinais de uma relação violenta. Estás a viver relação amorosa violenta se o teu namorado:
- Belisca-te, empurra-te, arranha-te;
- Dá-te ordens ou toma todas as decisões;
- Não valoriza as tuas opiniões;
- É ciumento e possessivo, não quer que saias com as tuas amigas e amigos;
- Controla todos os teus movimentos (pergunta constantemente onde estiveste, com quem estiveste);
- Humilha-te à frente das tuas amigas e amigos (insulta-te, diz que nada serias sem ele, etc.);
- Culpa-te pelos comportamentos violentos dele;
- Assusta-te, tens medo da reacção dele quando dizes ou fazes alguma coisa;
- Pressiona-te para terem relações sexuais não protegidas ou práticas sexuais não desejadas por ti;
- Pressiona-te a consumir álcool ou outras drogas que te poderão desinibir sexualmente (como por exemplo o medicamento Rohypnol);
- Intimida-te;
- Não aceita que queiras terminar a relação;
- Ameaça espalhar rumores se acabares com a relação, fazer mal a alguém (ou a ele próprio);
- Oferece-te prendas em excesso, especialmente após um comportamento violento;
Porque é que uma jovem mantém uma relação de namoro violenta?
Normalmente a violência não é uma constante na relação, acontece ocasionalmente, e após o episódio de violência existe a chamada fase de “lua-de-mel”. Nesta fase o agressor procura desculpabilizar-se e desresponsabilizar-se, pedindo desculpa, oferecendo presentes e prometendo que a violência não voltará a acontecer. As razões pelas quais as jovens mantêm uma relação de namoro violenta são várias, entre as quais:
1. Gostar realmente do namorado, querer que a violência acabe e não o namoro, e acreditar que poderá mudá-lo;
2. A pressão do grupo:
- Aquilo que as nossas amigas e amigos pensam sobre nós tem muita importância e gostamos de sentir que somos aceites;
- Os namorados normalmente partilham o mesmo grupo de amigas e amigos, o que é que o grupo vai fazer se terminar o namoro? Vai escolher ficar do lado dela ou dele? E se não acreditarem nela, ao saberem os motivos que a levaram a terminar a relação? E se escolherem ficar do lado dele? Os rapazes que são violentos em privado, podem aparentar serem calmos e carinhosos publicamente;
3. A vergonha (por exemplo: de contar à família e amigas/os o que se está a passar);
4. O medo (por exemplo: das represálias, perseguições, ameaças);
Quais as consequências de uma relação violenta?
A violência no namoro tem consequências graves em termos de saúde física e mental para a jovem, tais como:
- Perda de apetite e emagrecimento excessivo;
- Dores de cabeça;
- Nódoas negras;
- Queimaduras (ácido, pontas de cigarro);
- Nervosismo;
- Tristeza;
- Ansiedade;
- Sentimentos de culpa;
- Baixa auto-estima;
- Confusão;
- Depressão;
- Isolamento;
- Gravidez indesejada;
- Doenças sexualmente transmissíveis;
- Baixa dos rendimentos escolares ou abandono escolar;
- Suicídio;
O que posso fazer se uma amiga estiver envolvida numa relação de namoro violenta?
Se queres apoiar a tua amiga, é muito importante que ela perceba que está a viver uma relação amorosa violenta. Podes dizer-lhe que:
- A violência é um crime punível por lei;
- Ela tem direito a viver sem violência e a ser respeitada pelo namorado;
- Procure alguém com quem falar sobre o assunto e que a possa auxiliar e informar (familiar, professor/a, psicólogo/a da escola, associações).
Se pensas que a tua amiga se encontra numa situação de perigo iminente e que não consegue falar com ninguém, diz-lhe que vais procurar apoio de alguém de confiança. O fim da relação não significa o fim da violência. Por vezes, o ex-namorado não aceita o fim da relação, continuando a perseguir e a controlar todos os passos que a ex-namorada dá. Daí que seja importante ter em conta algumas medidas de segurança:
- Mudar o número de telemóvel;
- Mudar de e-mail;
- Mudar a fechadura do cacifo da escola;
- Procurar caminhos alternativos para os locais que habitualmente frequentas;
- Procurar andar acompanhada;
- Falar da situação com pessoas de confiança que possam apoiar em situações de emergência;
- Manter um diário sobre as situações de violência que ocorreram;
- Gravar no telemóvel os contactos necessários em caso de emergência (112, polícia local, pessoa de confiança).